terça-feira, 10 de julho de 2007

DIÁRIO DE UM EXTRA TERRESTRE
Estou nesse planeta há 47 anos. Vim de um planeta que, comparado com este, pode-se considerar uma utopia.
Há milhares de anos, em uma era muito remota, o planeta atravessou um período de barbárie, iniquidade e falta de senso moral e ético. Exatamente como o que está ocorrendo com este planeta em que estou agora.
Os Governantes eram inescrupulosos. Sugavam impiedosamente os recursos naturais do Planeta e financeiros do tão sofrido povo. Uma inversão de valores se instalou e o que era certo passou a ser errado. Roubar, subornar, desviar verbas, extorquir, cometer assassinatos, passaram a ser coisa comum.
O critério para a escolha de um Governante era ser o mais canalha possível. O candidato tinha que ter vários processos tramitando na justiça, ligações com o mundo do crime e um passado vergonhoso.
Assim como acontece aqui, o meu planeta também era dividido em Norte e Sul. E também havia sido colonizado por raças de extraterrestres vindos de outros planetas e até mesmo de galáxias distantes.
As raças que colonizaram o "Norte e Nordeste" eram de bárbaros. Uma raça sem escrúpulos, de inteligência limitada e moral mais limitada ainda.
Essa raça escravizou, esplorou e massacrou o povo. E com o passar dos anos, as raças se misturaram. Criando uma geração de mestiços ainda pior.
Enquanto que no outro extremo do planeta, raças superiores vieram para acrescentar. Transmitiram valores morais e éticos aos habitantes do planeta. Trouxeram sua cultura e a transmitiram ao povo. Ensinaram-lhes suas técnicas para trabalhar a terra para que o povo pudesse conseguir melhores resultados na agricultura e pecuária.
Essa raça também se misturou com os nativos e aprimorou a raça. E quando se foram , deixaram uma cultura bastante desenvolvida. Um povo consciente dos seus deveres.
O Extraterrestre
Planeta Brasil 10/Julho/2007

CONFIDÊNCIAS: CONFIDÊNCIAS: EU POSSO TE AJUDAR

CONFIDÊNCIAS: CONFIDÊNCIAS: EU POSSO TE AJUDAR

MARIANGELA

Eu tinha 13 anos, em Fortaleza, quando ouvi gritos de pavor. Vinha da vizinhança, da casa de Bete, mocinha linda, que estava usando tranças. Levei apenas uma hora para saber o motivo. Bete fora acusada de não ser mais virgem e os irmãos a subjugavam em cima de sua esteira cama de solteira, para que o medico da família lhe enviasse a mão enluvada entre as pernas e decretasse se tinha ou não o selo da honra. Como o lacre continuava lá, os pais respiraram, mas a Bete nunca mais foi à janela, nunca mais dançou nos bailes e acabou fugindo para o Piauí, ninguém sabe como, nem com quem. Eu tinha apenas 14 anos, quando Maria Lucia tentou escapar, saltando o muro alto do quintal da sua casa para se encontrar com o namorado. Agarrada pelos cabelos e dominada, não conseguir passar no exame ginecológico. O laudo médico registrou vestígios himenais dilacerados, e os pais internaram a pecadora no reformatório Bom Pastor, para se esquecer do mundo. Realmente se esqueceu, porque acabou morrendo tuberculosa. Estes episódios marcaram para sempre a minha consciência e me fizeram perguntar que poder é esse que a família e os homens têm sobre o corpo das mulheres? Poder que, ontem, era para mutilar, amordaçar, silenciar. E que hoje é para manipular, moldar, escravizar os estereótipos. Todos vemos, na televisão, mulheres torturadas por seguidas cirurgias plásticas. Transformaram seus seios em alegorias ridículas para entrar na moda da peitaria robusta das norte-americanas. Entupiram as nádegas de silicone para se tornarem rebolativas e sensuais, garantindo bom sucesso nas passarelas do samba.

Substituíram os narizes, desviaram costas, mudaram o traçado do dorso para se adaptarem à moda do momento e ficarem irresistíveis diante dos homens. E com isso, Barbies, de fancaria, provocaram em muitas outras mulheres – as baixinhas, as gordas, as de óculos – um sentimento de perda da auto-estima. Isso exatamente no momento em que a maioria de estudantes universitários (56%) é de mulheres. Em que mulheres se afirmam na magistratura, na pesquisa científica, na política, no jornalismo. E, no momento em que as pioneiras do feminismo passam a defender a teoria de que é preciso feminilizar o mundo e torná-lo mais distante da barbárie mercantilista e mais próximo do humanismo. Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade. Até porque elas são desarmadas pela própria natureza. Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas e punhais. Ninguém diz, de uma mulher, que ela é espada. Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência. As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque tem que derramá-lo na menstruação ou no parto. Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz. E para começara, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher. Respeito às suas pernas que tem varizes porque carregam ladas d’água e trouxas de roupa. Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos. Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer à ternura de suas mentes e a doçura de seus corações. Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda.